Bandeiras americanas tomaram conta da Avenida Paulista neste 7 de Setembro. A cena chamou a atenção de veículos internacionais, que relacionaram os atos à influência de Donald Trump sobre o bolsonarismo. Em um feriado marcado por divisões políticas, tanto apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) quanto críticos do ex-presidente ocuparam ruas de 25 capitais e do Distrito Federal. O pano de fundo foi o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e as críticas ao aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos ao Brasil.
Os aliados do ex-presidente pediram anistia — agora também em termos eleitorais. No exterior, jornais deram destaque às falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre soberania nacional, mas registraram sobretudo a mobilização bolsonarista.
O jornal americano New York Times relatou a presença de uma bandeira gigante dos EUA na Paulista e de símbolos ligados a Trump em Brasília e no Rio. O diário disse ter identificado uma "abundância de elogios" ao país liderado por Trump e ressaltou que os atos mantêm Bolsonaro como "uma força política relevante no Brasil".
"Embora o Bolsonaro tenha sido impedido de ocupar cargos públicos até 2030, manifestantes de direita ainda mantêm a esperança de que seus direitos políticos sejam de alguma forma restaurados. Muitos depositam sua fé na Casa Branca", destacou o jornal.
O New York Times observou que as pressões de Trump sobre as instituições brasileiras tiveram "pouco sucesso" e só fortaleceram o petista. Segundo o diário, a tendência é Bolsonaro ser condenado nesta semana pelo STF. "Ele pode pegar mais de 40 anos de prisão", escreveu.
Trump é "única salvação"?
O britânico The Guardian informou que apoiadores de Bolsonaro foram às ruas "pressionar o governo e o Judiciário do Brasil" e "implorar ao presidente dos EUA que intensifique ainda mais sua campanha de pressão".
— Ele é o único que pode nos salvar... Trump é a nossa única salvação — declarou um manifestante ao jornal em Brasília.
O veículo também destacou as críticas de Lula a políticos de direita que, em suas palavras, agiam como "traidores" ao apoiar a campanha de Trump. Além disso, descreveu faixas com frases como "América, salve o Brasil", expostas em Brasília.
A rede Al Jazeera registrou que o 7 de Setembro foi marcado por atos pró e contra Bolsonaro e relembrou que o julgamento pode resultar em décadas de prisão. O canal mencionou a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em São Paulo e do senador Flávio Bolsonaro no Rio, que vestia a camisa "Bolsonaro 2026".
A Associated Press relatou a participação de "dezenas de milhares" de apoiadores do ex-presidente contra o STF e lembrou que, nos últimos anos, o 7 de Setembro virou demonstração de força política da direita. A agência acrescentou que Lula buscou dar ao feriado o tom de defesa da soberania.
O alvo central, segundo a AP, foi o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. O texto também mencionou a bandeira dos EUA na Paulista e o discurso "emocionado" de Michelle.
Na França, o Le Monde descreveu os atos como "última resistência ou contra-ataque" e citou símbolos americanos como apelo de ajuda a Trump. Já o espanhol El País destacou a presença de Michelle e os discursos em defesa da anistia, além do ataque do governador Tarcísio de Freitas a Moraes.
"O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, visto por muitos como um substituto menos radical de Bolsonaro, atacou o juiz Moraes, chamando-o de "tirano" e ditador. Ele também defendeu a anistia e a inocência de seu mentor político e disse que 'é essencial que Bolsonaro seja eleito em 2026'", relatou o jornal espanhol.
Fonte: Terra





