Sinop: justiça autoriza policial acusado de matar enfermeira a trabalhar e ter TV na cela
A Justiça de Sinop autorizou o policial militar de 26 anos acusado de envolvimento no assassinato da enfermeira Zuilda Correira Rodrigues, 43 anos, possa trabalhar enquanto estiver preso. Ele e o marido da vítima são acusados de cometer o crime, em setembro do ano passado.
“Quanto aos pedidos de autorização para o acusado Marcos Vinicius Pereira Ricardi trabalhar no interior do estabelecimento em que se encontra segregado e possuir televisão em sua cela, esta magistrada não vislumbra impedimentos para concessão, vez que os direitos estão legalmente respaldados”, disse a juíza Rosângela Zacarkim, que analisou o pedido.
A magistrada, no entanto, apontou que “tais pleitos não são competência do Juízo da Execução Penal vez que o segregado não possui condenação criminal, nem mesmo está preso no ergástulo público (presídio) desta urbe. Destarte, autorizo ambos os pedidos em análise, facultando ao Comandante do Corpo de Bombeiros a análise de pertinência das solicitações”.
Em novembro, a juíza já havia negado pedido de revogação da prisão preventiva do militar feito pela defesa que alegou ausência dos “requisitos autorizadores” e destacou que “o acusado é primário, possui trabalho e residência fixa, de modo que possui todas as condições necessárias para responder o processo em liberdade”.
Na ocasião, no entanto, Rosângela afirmou que, “na ponderação entre a liberdade individual do acusado e a segurança e a ordem pública, que são direitos de caráter difuso e coletivo e, ao mesmo tempo, de interesse público do Estado, entendo que os segundos devem imperar sobre o primeiro, ainda mais por inexistir qualquer ofensa ao princípio da presunção de não culpabilidade e ao fundamento maior da dignidade da pessoa humana, ambos previsto na Constituição Federal”.
A juíza recebeu a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) contra os suspeitos. Eles viraram réus por homicídio qualificado, cometido por de maneira cruel, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima e contra a mulher em razão de gênero (feminicídio). O marido de Zuilda, no entanto, foi denunciado pela qualificadora do motivo fútil, enquanto o policial responde pela qualificadora do motivo torpe. A dupla também responde ação penal por ocultação de cadáver.
O marido de Zuilda foi preso em outubro, no Camping Club. “Sou inocente” foi a única declaração deu à imprensa, ao ser conduzido à delegacia pelos investigadores. Os policiais monitoraram ele por cerca de 10 horas e estavam com mandado judicial para prendê-lo. Durante interrogatório, permaneceu em silêncio.
O policial foi o primeiro a ser preso e revelou que o corpo da enfermeira havia sido jogado em uma tubulação, nas proximidades do centro de eventos Dante de Oliveira. Confessou ainda ter participado do espancamento que resultou na morte de Zuilda. Ele acusa o marido da enfermeira de também ter cometido as agressões.
O marido de Zuilda tinha um ponto de venda de espetinhos, no centro da cidade, onde o policial militar trabalhava fazendo entregas, uma vez que estava afastado da corporação. Inicialmente, conforme a versão do militar, a tentativa seria dar um susto na enfermeira simulando tentativa de assalto e a situação teria saído do controle.
Zuilda era funcionária de um hospital e desapareceu no dia 27 de setembro. Ela foi velada e sepultada em Sinop.